Cavaleiro das Trevas: Frank Miller mostra ao mundo sua visão de Gotham City dez anos depois da aposentadoria de Batman. Mas o crime não cessou na cidade e o Morcego, mesmo com mais de 50 anos, decide voltar à ativa. Positivo/Negativo: Esta revista que revolucionou os quadrinhos e é considerada o primeiro Elseworld, história baseada na ´realidade´, mas que não faz parte da continuidade por ser uma extrapolação do roteirista partindo de um ´o que aconteceria se...´ da DC começa mostrando o futuro sombrio na visão de Miller. O escritor parte da idéia concebida por Bob Kane quando criou o herói: de que Bruce Wayne é apenas um disfarce vazio e o Batman é a verdadeira personalidade. A partir daí, monta a história para trabalhar com mestria esse conceito. Após dez anos longe do manto do Morcego, Bruce se arrisca em esportes radicais, entristecido e sem saber quem realmente é. Ele só volta a sentir prazer pela vida quando o Batman reassume o controle, inclusive da narração da história. O admirável mundo novo de Miller precisa de um Batman para combater a crescente onda de crimes gerada principalmente pelas gangues mutantes. Contudo, o herói não pode viver apenas nas sombras, como um mito, um bicho papão. A mídia televisiva acompanha todo o desenrolar do ressurgimento, fazendo uma constante discussão do que está acontecendo. Por causa dessa cobertura, o Coringa, que aparentemente tinha se acalmado depois do sumiço do Morcego, desperta. A arte é um caso a parte. Miller estava em sua melhor forma, tanto no traço quanto na narrativa visual. Seguindo uma influência dos mangás, o autor abusa das onomatopéias e faz um traço simplista (infelizmente esta característica fica um pouco prejudicada pelo desenho do autor ser um tanto "sujo" e pela interferência do trabalho do arte-finalista Klaus Janson). Além disso, para representar seu mundo midiático, ele se vale de uma narrativa visual entrecortada, que forma uma série de interessantes mosaicos. Pode-se destacar como a melhor seqüência desta edição a que Batman enfrenta o Duas-Caras, sendo que a grande cena do embate é o quadro em preto-e-branco, que mostra apenas a sombra da luta. Outra passagem relevante é a reconstituição da morte dos pais de Bruce. Infelizmente, essa seqüência influenciou negativamente os escritores que trabalharam com o Batman desde então. Aparentemente, a visão de Miller do crime ficou tão impressionante, que cada roteirista que assume uma revista ou série do Morcego sente uma necessidade quase patológica de recontar esse momento. Daí para frente, isso foi tão explorado, por tantos pontos de vista diferentes, que chega a incomodar o leitor. Olhando esta revista nos dias atuais, num primeiro momento pode-se estranhar o fato de ela ser carregada de textos. Se a história não fosse tão intrigante, a leitura poderia ser cansativa. Felizmente, não é. Também é fácil ver como diversos autores foram influenciados pela obra, chegando a copiar conceitos e linguagens.
25 dezembro 2008
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